Policiais civis do Ceará encerraram a greve da categoria, em assembleia realizada na noite dessa segunda-feira, 14, no acampamento montado próximo ao Palácio da Abolição. O trabalho foi retomado nas delegacias plantonistas na manhã desta terça-feira, 15, conforme o Sindicato dos Policiais Civis de Carreira do Estado do Ceará (Sinpol).
Com a retirada das barracas e cadeiras, o trânsito na avenida Barão de Studart foi liberado.
O encerramento da greve, segundo o presidente do Sinpol, Francisco Lucas, foi definido para que as negociações avancem. “O governo foi inflexível quanto ao fim da paralisação. O encerramento também foi pedido pelo MP [Ministério Público], mas naquele momento a fala do delegado geral prejudicou acordo para acabar”, relatou.
Uma primeira greve havia sido deflagrada pelos policiais no dia 24 de setembro passado, tendo sido decretada ilegal três dias depois, em 27 de setembro. Os policiais civis argumentaram que voltaram a trabalhar após a decisão judicial, mas não receberem proposta de negociação e iniciaram nova greve, no dia 28 de outubro.
A Casa Civil contestou na época e enviou decisão em que o juiz Luiz Evaldo Gonçalves Leite reforçava a aplicação de multa diária de R$ 5 mil para cada dirigente do Sinpol e de R$ 1,5 mil para cada policial civil que continuasse a paralisação.
No início de novembro, o delegado geral da Polícia Civil, Andrade Júnior, fez críticas à paralisação da categoria e chamou os grevistas de “pilantras”, o que motivou protestos da categoria contra ele. “O áudio inflamou os policiais, mas passados alguns dias a categoria entendeu por bem recuar e retomar a negociação”, frisou Francisco Lucas.
Ele afirma que a adesão de 90% da categoria na região do Cariri também pesou para o encerramento, pois a situação lá estava ”mais difícil”. “Esse conflito não teria durado tanto se a gente tivesse conversado, eu sempre digo isso”, completa.
De acordo com o Sinpol, o registro de Boletins de Ocorrências no Estado reduziu 50% no período da greve. Além disso, cerca de 600 inquéritos teriam deixado de ser instaurados por causa da paralisação.
O funcionamento das delegacias deve ser completamente normalizado nesta quarta-feira, 16, após o feriado.
Apesar do fim da greve, a categoria informa que deve continuar as reivindicações de melhores condições de trabalho, com diminuição da diferença salarial entre inspetores, escrivães e delegados e o fim da custódia de presos nos chamados xadrezes.
AMANDA ARAÚJO (O Povo)