Quatro policiais militares envolvidos na ocorrência de boca de urna no dia 2 de outubro, durante as Eleições 2016, foram afastados de forma preventiva. A decisão foi publicada nesta quarta-feira, 28, no Boletim do Comando Geral da Polícia Militar do Estado do Ceará.
Após o caso foi instaurada uma sindicância disciplinar para averiguar se houve abuso de autoridade por parte dos PMs. Na abordagem estavam envolvidos o secretario da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará, Inácio Arruda, a filha dele, a esposa e a diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE). Na ocasião, Inácio disse que sofreu agressões junto da esposa, ao intervir na ocorrência que envolvia a filha.
Segundo o boletim do Comando Geral, os militares foram atender uma ocorrência de boca de urna e “ao iniciar os procedimentos de averiguação dos fatos teriam agido com abuso de autoridade agredindo populares e excedendo na abordagem no uso da força”.
Foi instaurada sindicância disciplinar pela Controladoria Geral de Disciplina e segundo o documento “por se tratar de ato incompatível com a função pública”. O processo tramita em regime prioritário.
Inácio
Após a decisão, Inácio Arruda disse que o episódio é tratado pela Corregedoria e que a CGD possui mecanismos para avaliar e tomar as providências.
O secretario disse que após o caso ter ido parar na Controladoria, não há como interferir ou acompanhar. Ele afirmou que tanto os policiais como as pessoas envolvidas no caso prestaram depoimento, exceto ele, que estava viajando.
“A Corregedoria tem suas regras e normas, não tem como interferir nesse mecanismo e as conclusões da corregedoria são feitas com base nas informações que receberam. Os policiais envolvidos foram ouvidos e devem ter dado suas opiniões, assim como todas as pessoas envolvidas”, relatou.
APS
O presidente da Associação dos Profissionais da Segurança (APS), sargento Reginauro Sousa, afirmou que a entidade deve entrar com os recursos necessários para amparar os policiais militares, que, segundo ele, estavam exercendo a função e o dever profissional e estão “sendo penalizados por perseguição política”.
“Isso acontece quando se tenta fazer algo contra os grupos dos poderosos políticos do nosso Estado, o policial está sendo punido no cumprimento do próprio dever. É claramente uma manobra de perseguição política, algo que a gente pensava que tinha acabado na transição para o atual Governo”, relatou.
Para o presidente da APS o caso é um retrato do uso do poder político para coagir pessoas e servidores públicos em período eleitoral e disse que não consegue imaginar que o próprio estado se coloque contra os membros, quando estes deveriam ser protegidos
(O povo)