O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez neste sábado, 4, um discurso emocionado, chorando em vários momentos, no fim do velório da ex-primeira-dama e sua esposa, Marisa Letícia, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo.
Ao se referir à investigação contra eles no âmbito da operação Lava Jato, da Polícia Federal, Lula se disse inocente e afirmou que ambos foram vítimas de injustiça. “Marisa morreu triste com a maldade que fizeram com ela. Quero que os facínoras que fizeram isso com ela tenham um dia a humildade de pedir desculpas.”
Ainda sobre a investigação, Lula afirmou que não tem medo de ser preso. “Se alguém tem medo de ser preso, este que está aqui, enterrando sua mulher hoje, não tem. Não tenho que provar que sou inocente. Eles que precisam dizer que as mentiras que estão contando são verdadeiras”, afirmou.
Lula começou agradecendo aos presentes, muitos deles antigos companheiros. “Neste sindicato pensamos em criar a CUT e o PT. Sou resultado da consciência política dos trabalhadores brasileiros.”
Relembrou diversos momentos de seu casamento de mais de quatro décadas com Marisa Leticia, como quando se conheceram na sede do Sindicato, onde hoje acontece o velório. “Marisa foi mãe, foi pai, foi tia, foi tudo; eu e ela nunca brigamos.”
Segundo ele, nos tempos em que foi presidente da República (2003-2010), “Marisa nunca pediu um vestido, um anel”. “Desde 1975 minha conta bancária é da Marisa. Nunca admiti que ela mendigasse nada para o marido.” Lula também relembrou os nascimentos de seus filhos e se emocionou.
Antes da fala de Lula, lideranças religiosas se revezaram ao microfone. Em sua fala, o bispo emérito de Blumenau (SC) d.Angélico Sândalo Bernardino, criticou as reformas trabalhista e previdenciária do governo de Michel Temer (PMDB). Ele chamou de “ameaça” a reforma trabalhista e fez um “alerta”: “Atentem para que essas reformas sejam contra os pobres e os assalariados.”
Terminada a cerimônia, Lula e os familiares foram para o Cemitério das Colinas, também em São Bernardo do Campo, onde o corpo de Marisa será cremado. Durante todo o dia, a fila para o velório deu a volta no quarteirão do Sindicato
(O povo)