Dois parlamentares se manifestaram nesta semana a respeito do desenho Ridley Jones, da Netflix. Rodrigo Delmasso (Republicanos), vice-presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, e Carlos Jordy (PSL-RJ), deputado federal, criticaram a animação por promover uma suposta “ideologia de gênero”.
Jordy compartilhou em suas redes sociais um vídeo onde pede a pais que “não deixem seus filhos assistirem [sic]” a animação. Na publicação, ele acusa a obra de promover “linguagem neutra, ideologia de gênero e destruição da família”.
Delmasso, por sua vez, foi mais a fundo. Ele abriu representação junto ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) alegando que as temáticas de diversidade presentes no desenho ferem o Estatuto da Criança de do Adolescente (ECA). No argumento, Delmasso aponta o artigo 17 do ECA, que afirma que creianças e adolescentes “têm o direito de ter resguardada e protegida sua integridade física, psíquica e moral”.
Ao site Metrópoles, o deputado distrital disse que a animação não deveria ser permitida para crianças “por abordar questões de gênero”. Na solicitação ao MPDFT, ele pede que o órgão abra “ação penal cabível” para que a Netflix retire o desenho do catálogo.
Desenho Ridley Jones tem personagem não-binário e casal gay
A obra “Ridley Jones: A Guardiã do Museu” é uma animação infantil da Netflix. Na trama, a garota Ridley, de seis anos, mora com a mãe e a avó dentro de um museu.
Durante a noite, as atrações do museu ganham vida. Ridley, com o auxílio de uma bússola mágica, deve garantir a segurança de todos.
Um dos personagens da animação é Fred, um búfalo de gênero não-binário – isto é, não se encaixa nem como feminino, nem como masculino. A dublagem de Fred, no original em inglês, é feita por Ezra Menas, também uma pessoa não-binária.
Outra integrante do desenho é Ismat, a múmia de uma garota cujos pais são um casal gay. Em um diálogo, a protagonista Ridley afirma que Ismat ter dois pais é “incrível”, e a garota responde “é ótimo, ouço piadas de pai em dobro”.
Nas legendas em português, são usados pronomes neutros. Embora ainda não sejam incluídos na norma culta do português, o uso de pronomes neutros é uma reivindicação do movimento trans, em especial pessoas não-binárias, pelo reconhecimento da existência de indivíduos que não usam pronomes tidos como masculinos e femininos.