A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) disse, em entrevista publicada pela revista Veja, que havia mais motivos para o impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016 do que há hoje para se pedir o afastamento do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Uma das autoras do pedido que resultou na saída de Dilma, Janaína citou aspectos dos 13 anos que o PT ficou no poder e disse que o crime de responsabilidade fiscal pelo qual a presidente foi condenada foram um “expediente”.
“Sim, com certeza (havia mais motivos para impeachment de Dilma). Foram treze anos de desmandos, de bilhões saindo do BNDES para empresários escolhidos, de dinheiro remetido ao exterior para obras que não tinham impacto no âmbito nacional. As pedaladas foram um expediente fiscal para encobrir esses bilhões”, disse.
Neste sentido, Janaína não acredita que o superpedido de impeachment, apresentado recentemente junto à Câmara dos Deputados, será apreciado. Para ela, o pedido está “muito mal redigido”.
“São 270 páginas de junção de pedidos anteriores sem enquadrar os fatos na letra da lei. Há alguns requisitos para apresentar uma denúncia, não é apenas o desejo e ter uma lista de assinaturas. As pessoas confundem um pouco as coisas”, disse.
Para ela, um pedido de impeachment contra o Bolsonaro só irá prosperar se investigações sobre compras de vacina mostrarem irregularidades cometidas pelo presidente ou pessoas próximas a ele.
Vamos imaginar que a investigação em torno da vacina chegue a Bolsonaro ou a um filho dele ou se conclua que o presidente tenha deixado de agir em função do envolvimento de alguém muito próximo. Aí é outra história”, argumenta.
“Até agora o que a oposição está falando é ‘o presidente é um genocida…’. Desculpe, isso não é crime de responsabilidade. A gente tem de aguardar a investigação da compra de vacinas e, se houver algo concreto, apresentar uma peça juridicamente apta”, completa.
Porém, Janaína voltou a fazer ressalvas sobre o atual governo. Em entrevista ao UOL ontem, a deputada já havia dito que e a nomeação de Ciro Nogueira para o cargo de ministro da Casa Civil foi um “movimento errado”.
“Vivemos um clima de constante tensão. Eu busco interlocutores dele para falar sobre isso, mas eles conseguem ser mais radicais que o presidente. Então, fica difícil”, disse.
Fonte: UOL