O piloto Veli Demir, suspeito de envolvimento em caso de tráfico internacional de drogas, teve a revogação de sua prisão preventiva negada pela Justiça Federal do Ceará. Conforme decisão desta segunda-feira, 16, a soltura do homem poderia representar uma “ameaça à ordem pública”, impossibilitando o cumprimento de medidas alternativas, como sugeriu a defesa do piloto. Na ocasião, ele também era comandante da aeronave.
Entre os argumentos empregados pela defesa para que o homem fosse solto, foi citado que ele é oficial da reserva da Força Aérea da Turquia, além de não possuir antecedentes criminais em seu país de origem ou qualquer outro. “Na remota hipótese de Vossa Excelência vislumbrar indícios de autoria (do crime) relativos ao capitão Veli Demir, que sejam aplicadas medidas cautelares diversas da prisão ao paciente”, ressalta a defesa no pedido.
Os advogados ainda defendem que não há qualquer indício de ligação do piloto com as substâncias apreendidas na aeronave. Eles consideram, portanto, que é a prisão é “desproporcional e inadequada” ao caso concreto.
Responsável pelo caso, o juiz da 11ª Vara Federal do Ceará, Danilo Fontenele Sampaio Cunha, considerou que a soltura pode atrapalhar o andamento das investigações. “É notório que o tráfico internacional de entorpecentes sofreu as consequências da pandemia mundialmente conhecida, sendo precipitada qualquer outra medida que fragilize a total apuração do caso em exame”, ponderou na decisão.
Ao O POVO, o advogado criminalista Nestor Santiago, representante da defesa do piloto, disse que continua avaliando “qual seria a melhor estratégia, considerando que o inquérito ainda está em andamento, considerando que o Sr. Veli Demir é inocente e a prisão dele é totalmente desnecessária”.
Entenda o caso
Dois estrangeiros — entre eles o piloto Veli Demir — foram presos pela Polícia Federal no dia 4 de agosto, no Aeroporto Internacional de Fortaleza, após serem flagrados com mais de uma tonelada de cocaína em um jatinho particular. A aeronave, que tinha decolado de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, foi abordada pelos agentes da PF minutos após realizar uma aterrissagem técnica na Capital cearense.
A ação dos policiais foi filmada. No vídeo, um agente pediu que um dos passageiros mostrasse o que havia dentro de uma mala. Visivelmente desconsertado, o homem desconversou e tentou abrir uma outra bagagem, mas não convenceu os policiais, que revistaram a primeira mala e flagraram os tabletes de cocaína.
Após uma vistoria geral, os agentes encontraram mais 23 malas. Cada uma pesava cerca de 54 quilos, totalizando 1,3 tonelada. Segundo a PF, foi a maior apreensão de entorpecentes registrada em 2021 na Capital. Demir, comandante da aeronave, foi detido junto a um outro passageiro, de 60 anos. Ele não soube responder nenhum dos questionamentos dos agentes a respeito da origem da droga.
Segundo o delegado da Polícia Federal Alan Ramos, houve uma tentativa de fuga quando os policiais desceram da aeronave. “Os tripulantes e os passageiros fizeram um movimento de querer subir a escada da aeronave, não desligar o motor para fugir. Os policiais passaram a agir de forma mais dura, subiram na aeronave, determinaram que se desligasse o motor e passaram a realizar a abertura das malas”, detalhou.