Foto: Thais Mesquita |
Além da Prevent Senior, a rede de saúde Hapvida também está sendo investigada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) quanto a conduta tomada em meio à pandemia. De acordo com nota divulgada pelo órgão público, nesta terça-feira, 28, são apuradas denúncias de que a operadora estaria obrigando médicos vinculados a prescreverem medicamentos do chamado “Kit Covid” para os pacientes.
Segundo a agência, ainda nessa segunda-feira, 27, agentes foram à sede da instituição, em Fortaleza, para fazer buscas. Na ocasião, “foram solicitados esclarecimentos a respeito das denúncias sobre cerceamento ao exercício da atividade médica aos prestadores vinculados à rede própria da operadora”.
Também foram realizados questionamentos sobre a “assinatura de termo de consentimento pelos beneficiários atendidos na rede própria, para a prescrição do chamado ‘Kit Covid'”. O processo de investigação ocorre após ANS receber denúncias de que a Hapvida estaria pressionando médicos a receitar hidroxicloroquina aos pacientes infectados ou com suspeita de Covid-19.
Buscas também foram feitas na sede da rede São Francisco, em Ribeirão Preto. Operadora de saúde, que também é investigada, faz parte do Grupo Hapvida, mas, conforme agência, tem CNPJ próprio e deve “obedecer à legislação de saúde suplementar, estando sujeita a sanções caso cometa infrações”.
Os servidores solicitaram documentação complementar e concederam um prazo de cinco dias úteis para as operadoras realizarem entrega dos documentos. Nota não deu mais detalhes da operação, não especificando dessa maneira o que foi pedido, nem qual serão os próximos passos da investigação.
Em nota, a Hapvida disse que vai apresentar os dados solicitados pela ANS e “está certa de que as dúvidas serão plenamente esclarecidas”.
Notificação e escândalo Prevent Senior
No inicio deste ano, em abril, o Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon) notificou a Hapvida pela conduta de tratamento da Covid-19. Na ocasião, rede foi acusada de exigir que médicos conveniados receitassem medicamentos como cloroquina e hidroxicloroquina a pacientes infectados pelo vírus pandêmico.
Os medicamentos citados, que compõem o chamado “Kit Covid”, não têm eficácia comprovada contra a doença por órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, pesquisas apontam que os remédios desse grupo provocam efeitos adversos graves, não devendo ser indicados contra a patologia.
Investigação acontece em meio a um escândalo envolvendo o plano de saúde Prevent Senior, alvo da CPI da Covid, que também tem a conduta de tratamento da doença sendo apurada. Dentre as denúncias, está a de que órgão modificou prontuários, ocultando mortes que ocorrem por conta da patologia, e pressionou médicos a receitarem os remédios do ‘Kit Covid’.