• 21 de November de 2024

Com a escalada de preços e a redução do poder de compra, encerrar o mês com saldo na conta é um sonho distante para 25% dos trabalhadores brasileiros.

Dados de uma pesquisa sobre finanças da Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que 1 em cada 4 brasileiros não consegue ter dinheiro para pagar todas as contas do mês. 

As informações foram divulgadas na manhã desta segunda-feira, 8 de agosto, e revelam ainda que 44% da população consegue arcar com as despesas do mês, mas apenas com o essencial e sem nenhum tipo de reserva ou gasto adicional, incluindo lazer. 

O estudo estima que apenas 29% de toda população do País apresenta condições para poupar alguma quantia no mês. Enquanto isso, 25% dos trabalhadores deixaram de comprar remédios e 19% tiveram que cancelar o plano de saúde. 

“O estudo mostra os efeitos da situação econômica do país nos hábitos da população. O aumento de preços de produtos como gás de cozinha, alimentos e combustível impacta diretamente no orçamento das famílias e isso reflete na redução do consumo de uma forma mais ampla”, destaca o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.

Dentro desse contexto, 64% dos brasileiros precisaram reduzir gastos em julho deste ano e ainda assim, pontuam dificuldades para arcar com as despesas mensais. 

Para o futuro, ainda que 56% acredite que a situação financeira possa melhorar nos próximos seis meses, 30% da população afirma ter pretensão de diminuir ainda mais os gastos e outros 8% relam planos de reduzir em grande escala os gastos atuais.

Além disso, 48% daqueles que possuem dívidas relatam atrasar os pagamentos por priorizar gastos com alimentação e aluguel. 

“A pandemia de Covid-19 e uma série de outros desafios, como a guerra na Ucrânia, comprometeram a recuperação da economia e a retomada do crescimento no Brasil. A aceleração da inflação levou a um novo ciclo de aumento de juros, o que desestimulou o consumo e os investimentos”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

Ele apresenta uma perspectiva positiva, ainda que contida, para o futuro: “a redução do desemprego e aumento do rendimento da população nos dá uma perspectiva de superação, ainda que gradual, dessa série de dificuldades que as famílias estão enfrentando”, complementa. 

  • Situação financeira dos trabalhadores com relação aos gastos de todo mês
  • Quase sempre fico apertado, pago as contas, mas não sobra nada: 44%
  • Consigo gerenciar bem o dinheiro e guardar um pouco quase todo mês: 29%
  • Não consigo pagar todas as contas e deixo algumas para o mês seguinte: 19%
  • Preciso recorrer a empréstimos ou ajudas para conseguir pagar minhas contas: 3%
  • Utilizo o cheque especial para conseguir pagar minhas contas: 2%
  • Pago o mínimo do cartão de crédito e deixo o saldo para o próximo mês: 1%

Com relação as despesas básicas, o orçamento apertado, e por vezes insuficiente, fez com que 34% dos trabalhadores já tenham atrasado contas de luz ou água este ano, enquanto 19% deixaram de pagar o plano de saúde e 16% tiveram de vender algum bem material para quitar dívidas.

“Além da redução de despesas com lazer e itens de uso pessoal, como roupas e calçados, o orçamento apertado também trouxe mudanças no dia a dia do brasileiro, como parar de comer fora de casa (45%), diminuir gastos com transporte público (43%) e deixar de comprar alguns alimentos (40%)”, complementa a análise da CNI sobre os dados. 

  • Mudanças no comportamento e consumo devido a renda insuficiente 
  • Reduzir despesas com lazer: 60%
  • Deixar de comprar produtos de uso pessoal como roupas ou sapatos: 58%
  • Desistir de viajar a passeio ou férias: 57%
  • Diminuir os gastos com transporte particular: 51%
  • Deixar de planejar a compra ou reforma de casa: 50%
  • Deixar de planejar a compra de carro ou moto: 47%
  • Deixar de se alimentar fora de casa: 45%
  • Diminuir os gastos com transporte público: 43%
  • Deixar de comprar determinados alimentos para a sua casa: 40%
  • Atrasar contas como água ou luz: 34%
  • Reduzir ou deixar de comprar remédios: 25%
  • Deixar de pagar plano de saúde: 19%
  • Vender um bem/bens para quitar dívidas: 16%
  • Deixar de pagar ou atrasar aluguel ou prestação da casa: 14%
  • Atrasar contas de condomínio: 7%

Dentro dessa realidade de corte de despesas, 68% das pessoas relatam ter pechinchado antes de fazer uma compra este ano. Além disso, as compras no cartão de crédito somam 51% de todas as práticas de consumo 

A compra de produtos ou serviços no “fiado”, usando o tradicional “caderninho de anotações”, é algo recorrente para 31% dos brasileiros. Em paralelo, 12% relatam fazer uso frequente do crédito consignado e 11% do cheque especial para conseguir se manter.

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