Metade da população do Ceará sofre com a falta de alimentos e passa fome. É o que mostra um estudo da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Penssan), divulgado nesta quarta-feira (14).
Segundo o estudo, a população do estado sofre em vários níveis da insegurança alimentar:
– 26,3% da população cearense vive em uma insegurança alimentar grave, quando a família sente fome e não come por falta de dinheiro
– 26,3% dos cearenses vivem em insegurança alimentar moderada, quando há uma redução concreta da quantidade de alimentos e o padrão saudável de alimentação é rompido por falta de comida
– 29,3% sofre insegurança alimentar leve, quando há preocupação ou incerteza se vai conseguir alimentos no futuro
Em parâmetro regional, o Ceará é o quinto do Nordeste em relação a insegurança grave. Fica atrás de Alagoas (36,7%); Piauí (34,3%); Sergipe (30%) e Maranhão (29,9%).
Renda e endividamento
Além do grande número de atingidos pela fome, os pesquisadores constataram que o problema se agravou após a pandemia, com queda na renda das famílias e aumento do custo de vida.
Segundo o levantamento, as famílias com renda inferior a meio salário-mínimo por pessoa estão mais sujeitas à insegurança alimentar moderada e grave. Neste quesito o Ceará aparece na sexta posição no país.
Essa insegurança é verificada, entre os domicílios com esse perfil de renda:
– Acre: em 65% dos domicílios
– Pará: 67,6%
– Maranhão: 72,0%
– Sergipe: 76,5%
– Piauí: 66,1%
– Ceará: 65,2%
– Rio de Janeiro: 61%
– São Paulo: 58,4%
– Santa Catarina: 65,7%
– Rio Grande do Sul: 64,4%
– Distrito Federal: 63,9%
Rosana Salles, professora do Instituto de Nutrição da UFRJ e pesquisadora da Rede Penssan, aponta que uma parcela significativa da população com renda de até meio salário-mínimo não foi contemplada pelo Auxílio Brasil.
“É uma parte da população que já sofre com a insegurança alimentar. A atual política pública deixa de fora famílias que estariam socialmente elegíveis ao recebimento de uma renda, e que estão em alta vulnerabilidade alimentar”, comenta em nota.
A pesquisa também aponta que a renda, que já vem se mostrando insuficiente para as necessidades básicas, vem precisando estar dedicada, também, aos custos com endividamento.