“A princípio, entrar na escola (profissionalizante) foi um susto. Porque eu não esperava. E, no começo, eu não queria. Eu era desestimulada antes. Estava com medo. Era uma coisa muito nova, integral, curso técnico”. A apreensão da adolescente Sarah Ingrid Fernandes Alves, há 3 anos, cedeu lugar a satisfação que, amadurecida, gerou autoconfiança.
A mudança não é fácil. É processo. Hoje, a estudante do 3º ano do Ensino Médio da rede pública estadual, assegura que viu a vida ser alterada. O impulso: as oportunidades abertas pela escola.
Aos 17 anos, moradora do bairro Tapuio, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza, Sarah cursou todo o Ensino Fundamental na rede pública. Em 2020, ingressou na Escola de Ensino Profissional Alda Façanha da rede estadual. No novo espaço escolheu o curso técnico de eletrotécnica.
A partir dali, a vida começou a ser alterada. Um exemplo é que, embora ainda no Fundamental, Sarah tenha se deparado com as olimpíadas científica escolar, foi somente no Ensino Médio que ela participou de forma mais comprometida.
Esta matéria integra a série “Terra de Sabidos”, publicada pelo Diário do Nordeste com patrocínio da Assembleia Legislativa do Ceará e cujo foco é contar histórias de estudantes da rede pública estadual do Ceará e da rede municipal de Fortaleza, que, via educação, tiveram as trajetórias alteradas, conquistado oportunidades, e reconhecimentos local, estadual e nacional.
Como resultado: a medalha de bronze na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), edição de 2021; reconhecimento por parte dos colegas de escola e uma bolsa para a iniciação científica.
“Eu vim pra cá (escola) no 1º ano. Eu já fazia a OBA, conhecia a OBA, mas um professor de física foi estimulado em sala de aula. Ele começou com os conteúdos didáticos e fui me aprofundando em casa, pegando gosto. Pedi pra ele me inscrever e ele me inscreveu. Ele continuou estudando com a gente. Focamos”. – Sarah Ingrid Fernandes, Estudante de escola pública
A OBA daquele ano, lembra ela, “foi toda online”. Diante do cenário de adversidades, Sarah, indica que “estava sem expectativas e passar para a segunda fase foi um susto”. Apesar de surpreendente para Sarah, a conquista assegurou mais do que um prêmio específico pelo desempenho na competição que envolve Ciências, Física e Geografia.
Participar das OBA, avalia ela, “abriu outras portas para a educação, meu deu visão de futuro”. Para os pais, relata, foi um misto de susto e alegria.
No mesmo ano, a estudante conquistou outra medalha: a da Mostra Brasileira de Foguetes (MOBFOG).
“Eu fui estimulada ainda mais. Eu estimulo e aconselho outros estudantes do 1º e 2º ano a fazerem (prova das olimpíadas) o quanto antes. Porque quanto mais cedo começar, mais rendimento gera”, acrescenta ela.