A combinação entre inflação persistente e alta carga tributária tem reduzido o poder de compra e dificultado a manutenção do padrão de vida da classe média no Brasil. Mesmo com a melhora da renda média da população, especialistas apontam que fatores estruturais do sistema tributário e da economia explicam por que o custo de vida pesa cada vez mais para esse grupo.
De acordo com economistas e especialistas em tributação, a classe média é mais impactada porque sua renda é majoritariamente composta por salários e outros rendimentos tributáveis. Diferentemente das faixas mais altas, que concentram parte significativa da renda em ganhos de capital geralmente isentos de impostos, trabalhadores da classe média acabam pagando proporcionalmente mais tributos. Estudos do Sindifisco mostram que, em alguns casos, a alíquota efetiva paga por esses trabalhadores é superior à dos milionários.
Outro ponto destacado é a defasagem da tabela do Imposto de Renda, que por anos não acompanhou o crescimento da renda média. Com isso, mais pessoas passaram a ser enquadradas em faixas de tributação mais altas, mesmo sem ganho real de poder aquisitivo. Além disso, especialistas apontam desigualdade no tratamento tributário entre pessoas com rendas semelhantes, como trabalhadores assalariados e empresários que recebem dividendos isentos.
Embora a reforma tributária discuta parte desses problemas, analistas avaliam que mudanças mais profundas ainda dependem de avanços no Congresso e enfrentam resistência política. Até lá, a tendência é que a classe média continue sentindo os efeitos da inflação, dos impostos e da desigualdade na renda.
Fonte: G1




