O trio de acionistas de referência das Americanas declarou, em nota divulgada nesse domingo (22), que não tinha conhecimento prévio sobre as inconsistências contábeis que provocaram o rombo de R$ 20 bilhões no caixa da empresa.
O documento, assinado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, afirma que eles estão dedicados “em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um futuro promissor”. As informações foram divulgadas no Fantástico.
Eles afirmam que também tiveram prejuízos após a descoberta do desfalque, assim como os demais investidores e credores do empreendimento. E reforçam que, antes do ex-CEO da empresa, Sergio Rial, divulgar a informação sobre o rombo, os três acreditavam que “tudo estava absolutamente correto”.
DESCONFIANÇA DO MERCADO
O comunicado foi publicado em meio à suspeita do mercado financeiro, que levanta a hipótese de que os acionistas de referência e os executivos da Americanas já saberiam do problema antes dele ser anunciado.
Conforme apuração do jornal Estadão, a desconfiança acabou sendo agravada diante das informações de que membros da diretoria da empresa teriam vendido cerca de R$ 210 milhões de ações da varejista pouco tempo antes de o caso ser divulgado por Rial. Um executivo do setor, que pediu para não ser identificado, disse que se os dirigentes não sabiam, tinham “uma grande desconfiança” sobre a existência do rombo no balanço.
À publicação, as fontes evitaram ser taxativas em acusar os executivos de fraude, mas os especialistas concordaram ao afirmar que, dificilmente, um desfalque bilionário como o das Americanas passaria despercebido pelos gestores ou pelas empresas de auditorias, ambos com livre acesso aos dados.