Foi montando o cavalo “Magic Brooklin” que o jóquei sobralense José Júlio da Silva se consagrou mais uma vez campeão de turfe, no último sábado, dia 14, em Sobral, na região Norte do Estado. Aos 46 anos de idade, sendo 20 deles dedicados às corridas de cavalos, Júlio deixou para trás, com seu puro sangue, os adversários “Noivo Charmoso e “Ataque Fatal”, também montados por jóqueis experientes, mas que, literalmente, engoliram poeira ao longo do percurso de 1.700 metros de pista.
Em poucos segundos, o jóquei sobralense abriu com vitória o primeiro páreo, de 9, realizados no Derby Clube Sobralense, em mais uma tarde de sol forte, com céu azul e arquibancadas cheias de apostadores e amantes desse tipo de esporte, apreciado em Sobral, desde 31 de dezembro de 1871, com a fundação do de “Jockey Clube de Sobral”. Na inauguração ocorreram cinco páreos organizados à moda inglesa.
O clube paralisou as atividades devido à seca de 1877 a 1879. Só em 19 de outubro de 1893 voltou às atividades, reformulando os estatutos e com o nome que vigora até hoje. A sede atual foi construída em 1955. Em 1963, aconteceu a primeira festa no Derby, inaugurando a ala social. A praça de corridas é o Hipódromo Edmilson Moreira.
A vitória na terra natal tem um gosto bastante especial para Júlio, que no passado fez fama no esporte local, e foi convidado a seguir carreira nos hipódromos País afora. Atualmente, morando e treinando em Recife (PE), o jóquei comemora mais um primeiro lugar em família, após um ano longe dos parentes. “É emocionante vencer na terra da gente. Sempre que venho disputar aqui em Sobral, a família torce e sofre junto, a cada segundo. E apesar da idade, pretendo seguir na profissão por um bom tempo, ainda”, adianta, antes de posar para fotos com fãs e apostadores, felizes pela vitória do belo animal “Magic Brooklin”, agora conduzido pelo jóquei com um galope lento e cheio de graça, entre o público, junto à mureta que o separa da pista.
Existem apenas seis jóqueis clubes no Brasil,com autorização oficial do Ministério da Agricultura para funcionamento
A disputa local, que reúne cerca de 50 animais, é realizada entre cavalos da raça puro sangue inglês, aptos às competições esportivas como o turfe e o hipismo, devido a sua velocidade e resistência. No Nordeste, apenas Sobral e a cidade de Recife mantêm em atividade as corridas com essa raça. “Temos apenas seis jóqueis clubes no Brasil, com autorização oficial do Ministério da Agricultura para seu funcionamento, e nós estamos orgulhosamente entre eles. Aqui temos corridas a cada 15 dias, assim como participamos também como convidados especiais do Grande Prêmio Brasil”, explica João Alberto Adeodato Júnior, presidente do Conselho Consultivo do Derby Clube. Além dos competidores nordestinos, o Grande Prêmio Cidade de Sobral de Turfe, também reúne competidores de São Paulo e Rio de Janeiro.
Ainda de acordo João Alberto Adeodato Júnior, “atualmente, apenas os municípios de Sobral e Horizonte realizam essas disputas no Ceará, sendo que, no segundo, os cavalos são da raça Quarto de Milha, e nós seguimos com a tradição de disputas com o puro sangue inglês, um animal que pode chegar a cerca de 20 mil reais, no mercado”, reforça, ao comemorar um período favorável às atividades.
De acordo com Ricardo Barreto Dias, presidente da Diretoria Executiva do Derby Clube, “as disputas chegam a atrair cerca de duas mil pessoas, que vêm prestigiar um dos eventos mais aguardados da região”, comemora, nessa corrida, em que os animais cobrem 1.700 metros, acompanhados de perto pelos amantes do turfe sobralense, entre eles, o criador Geovane Maia, que veio do Sul do País, para participar com quatro animais.
Raça
Conforme o criador, o Puro Sangue Inglês tem uma média de sete anos de atividade, sendo o quarto ano, seu auge nas corridas, ou até mesmo no hipismo, conjunto de esportes praticados a cavalo, como saltos de valas e obstáculos, além da equitação. Ao final desse período, são aproveitados na reprodução. Ainda segundo Geovane Maia, “Sobral é uma cidade diferenciada para o turfe. A emoção encontrada aqui, a cada disputa, é diferente do restante do Brasil. Eu sempre viajo, e vejo que aqui os “Grandes Prêmios” são sempre mais acolhedores. As pessoas vibram mais, talvez pelo hipódromo ser menor, tenhamos essa proximidade e paixão pelo esporte”.