Um vídeo de um tubarão na orla de Fortaleza tem circulado na internet. As imagens são reais e foram gravadas na tarde de ontem pelo representante comercial Eloi Frota, 44, próximo ao Iate Clube, na Praia do Mucuripe. De acordo com ele, o tubarão, que é da espécie tigre, apareceu a cerca de um quilômetro (km) da costa.
“Mais do que medo, eu me senti feliz porque me achei muito sortudo de ver um animal deste tamanho. É incomum aqui”, conta. O hábito de nadar e mergulhar no mar já conta mais de 25 anos. Eloi estava com outros dois amigos em um barco quando viu o tubarão.
De acordo com o engenheiro de pesca e doutor em Biologia Manuel Furtado Neto, integrante do Grupo de Estudo de Elasmobrânquios do Ceará – Elace, a presença de tubarões menores e de outras espécies é mais comum. O fator novo, além do tipo de animal, é o tamanho e a aproximação da costa.
Pelas imagens, o pesquisador estima que o tubarão-tigre tenha cerca de dois metros. “Dá para ver que é aqui no Ceará e ver que esse animal é da espécie tubarão-tigre quando ele mostra o dorso. Apesar de já ter sido registrada em estudos, a presença dele não é tão comum”. O Elace já constatou cerca de 30 espécies de tubarão na costa cearense. Os maiores se concentram a mais de 100 km da orla. Ainda conforme Manuel, a aproximação do animal também se deu pelo aumento de nutrientes vindo dos rios nesta quadra chuvosa. Com isso, os peixes menores se aproximam da costa em cardume, trazendo também os tubarões. As espécies mais comuns no Estado são o tubarão-lixa, Ginglymostoma cirratum, e o cação-frango, Rhizoprionodon lalandii. A maioria deles tem média de um metro de comprimento.
O especialista considera que um ataque é algo muito pouco provável. “Se uma pessoa estiver nadando e aparecer um tubarão maior, o ideal é sair da água devagar. Mas a probabilidade de um ataque é de um em um milhão”, explica.
De acordo Eloi Frota, esse é o terceiro tubarão que ele encontrou nas mais de duas décadas de nado. ”Já tinha visto um tubarão-tigre e vi um do tipo cabeça-chata”. Ambos a mais de 20 km da costa. “Eu conhecia essas espécies pelo tempo que tenho no mar. Acho que não tem que ter alarme, pois o grande vilão é o ser humano, que mata milhões de tubarões pelo mundo”, conclui Eloi.
Via O POVO / EDUARDA TALICY