• 28 de November de 2024

Em meio à onda de ataques e o acirramento na guerra entre facções criminosas no Ceará, a titular da Secretaria da Justiça do Ceará, Socorro França, reconhece que seja problemática a presença de membros de facções criminosas no mesmo espaço nos presídios, mas afirma que fazer a divisão nas cadeias do estado é “humanamente impossível”.

Em entrevista ao Fantástico, questionada se membros de facções criminosas no mesmo espaço não significaria uma sentença de morte para os presos, Socorro é objetiva: “eu entendo assim”.

“No interior do estado, como nós temos 132 cadeias é humanamente impossível dividir por facções”, diz ela, que não vê solução em curto prazo.

“Eu me sinto, na idade que estou, com 74 anos, tomando conta desses 28 mil presos, sabe como eu me sinto? Tendo enxugado gelo a vida inteira”, admite.

Superlotação

Em todo o estado, são 16 grandes unidades prisionais e 132 cadeias públicas municipais que abrigam mais de 28 mil presos, com excedente de 140% da capacidade.

A superlotação e a convivência de membros de facções rivais no mesmo espaço físico são fatores que influenciam os conflitos, segundo o delegado de Itapajé, André Firmino.

No dia 29, 10 presos foram assassinados na Cadeia Pública da cidade, distante 135 quilômetros de Fortaleza. O confronto foi entre integrantes do Comando Vermelho (CV) e do Primeiro Comando da Capital (PCC). O PCC é aliado do GDE, segundo autoridade da área de inteligência no estado.

Dois dias antes, 14 pessoas haviam sido assassinadas no clube Forró do Gago, na madrugada de 27 de janeiro. A casa de forró era frequentada por membros do Comando Vermelho (CV), disseram um policial militar e moradores do bairro ao G1. O ataque é atribuído pelas mesmas pessoas aos Guardiões do Estado (GDE), uma facção local.

Separação e controle

“Há uma discussão muito grande sobre a separação dessas facções. Alguns entendem que deixando-as juntas elas, obviamente, fariam o que fizeram em Itapajé. Outros entendem que, separando-as, nós estaríamos fortalecendo-as”, diz Socorro França.

Segundo a secretária, é “impossível” fazer esse controle nas cadeias municipais. “Nas grandes unidades prisionais onde nós temos, em média, 2 mil internos – por conta da superlotação – a gente consegue fazer essa separação em alas. O Estado não tem mãos longas para dizer que a cadeia de Itapajé vai receber presos da facção ‘x’ e a de Sobral, somente os da outra facção.

Fonte: G1/CE

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