Foi juntando a imaginação, a curiosidade infantil e habilidade com as letras que José Wellington Granjeiro Filho descobriu que tinha facilidade em contar e escrever boas histórias.
Mas, apesar de gostar de todo aquele universo mágico que colocava no papel, tudo que o menino produzia acabava ficando só para ele mesmo, guardado, longe do olhar dos amigos da escola ou dos familiares.
Aos 13 anos, Wellington se apaixonou por histórias em quadrinhos, e, a partir daí, o tempo de folga passou a ser ocupado pela leitura de revistinhas; prazer que ainda cultiva na vida de administrador e pai de família.Apesar de não ser bom desenhista, com o passar do tempo, o jovem foi aperfeiçoando a habilidade da escrita e se lançando cada vez mais no universo quase paralelo dos quadrinhos. Aos 20 anos, fez um curso de cinema, onde aprendeu a fazer roteiros.
O primeiro trabalho nunca foi filmado, mas o curso abriu novas possibilidades no mercado. “Nessa época, eu soube que poderia utilizar aquela linguagem do audiovisual para fazer roteiros em quadrinhos. Como eu não tinha muita habilidade para o desenho, descobri que existia essa figura do roteirista, que é a pessoa que descreve o que vai acontecer e o desenhista executa. Meu primeiro trabalho como roteirista foi na participação de um evento sobre quadrinhos e animação aqui em Sobral, de 2004 a 2010.
Depois, montei um grupo de estudos com jovens sobre o tema, e, por meio desse grupo, criamos um fanzine que era ‘xerocado’ e distribuído pela cidade”, conta.
Como nas histórias de heróis, com o tempo, o roteirista mergulhou mais ainda nos projetos de quadrinhos, aperfeiçoando suas habilidades e se transformou no Zé Wellington, artista independente, que batalhou dez anos em busca de seu lugar no seleto clube dos que se destacam num mercado que continua atraindo a atenção de milhões de pessoas pelo mundo, independentemente da idade, e que se expande com força no Brasil.
Apesar das dificuldades de todo novo escritor em busca de reconhecimento, ele, que hoje tem 32 anos, teve o seu talento percebido por uma grande editora em 2014, que lançou profissionalmente seu primeiro quadrinho, ‘Quem Matou João Ninguém’, que atraiu a atenção do público e lhe rendeu a primeira indicação a um importante prêmio nacional.
A editora continuou acreditando no potencial de Zé Wellington e lançou, no ano seguinte, o segundo trabalho, intitulado ‘Steampunk Ladies: Vingança a Vapor’, um faroeste com ficção científica, onde o autor conduz a um mundo dominado pela violência de foras-da-lei com próteses mecânicas. Até que duas mulheres, Sue e Rabiosa, movidas à vingança, resolvem desafiar esses bandidos metade homens, metade máquinas, liderados por Lady Delillah, a vilã, que fecha o trio de mulheres fortes, protagonistas de sua própria história, no ambiente hostil e machista do Velho Oeste.
Esse segundo trabalho rendeu o primeiro prêmio profissional a Zé Wellington, o HQMIX 2016, considerado o Oscar dos quadrinhos no Brasil, como roteirista revelação. O primeiro lugar na categoria o colocou ao lado de talentos como Ziraldo, Maurício de Souza e Laerte. A partir daí, seus trabalhos deram uma nova guinada, conquistando cada vez mais fãs no Brasil e até onde a Internet possa alcançar. “O prêmio trouxe um reconhecimento interessante”, comemora o escritor.
Com Informações de Marcelino Junior