Oex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (sem partido) se encontraram na noite de domingo, 19, na capital paulista em um jantar promovido pelo grupo Prerrogativas, formado por advogados. Na última semana, o ex-tucano deixou o PSDB depois de 33 anos no partido. Ele é cotado para compor a provável chapa de Lula na corrida pelo Planalto em 2022.
No encontro, Lula disse não se importar com as rivalidades com Alckmin no passado. “Não importa se no passado fomos adversários. Se trocamos algumas botinadas. Se no calor da hora dissemos o que não deveríamos ter dito. O tamanho do desafio que temos pela frente faz de cada um de nós um aliado de primeira hora”, disse o petsita em discurso de 42 minutos.
A reunião entre os políticos protagonizou a primeira aparição pública de Lula e Alckmin juntos desde que a possível aliança entre os dois começou a ser cogitada e simbolizou a aproximação entre eles. O encontro foi acompanhado por líderes partidários entre os cerca de 500 convidados.
Na ocasião, o petista e o ex-tucano comentaram o momento da pré-campanha. “Eu ainda não defini minha candidatura porque sei da responsabilidade que tenho quando eu disser que sou candidato. E sei que o Brasil que vou pegar em 2023 é muito pior que o Brasil em 2003. Portanto, tenho muita responsabilidade e não quero brincar com o povo brasileiro”, disse Lula à CNN.
O ex-presidente disse que a decisão da sua candidatura caberá ao PT. “É um partido que tem uma história, somos o partido mais importante da esquerda brasileira. Tenho que respeitar o Alckmin. Ele deixou o PSDB, ele ainda não tem partido filiado, eu ainda não sei o partido que ele vai se filiar. E quem vai dizer se a gente pode se juntar ou não é meu partido e o partido dele, então temos que ter paciência”, prosseguiu.
“O processo ainda está começando, agora é hora de ouvir bastante, de conversar bastante, hora de grandeza política, hora de união. Vamos aguardar”, afirmou Alckmin.
Segundo a Folha de S. Paulo, do lado de fora do estacionamento, havia ao menos quatro apoiadores de Lula –um deles com boné do Partido da Causa Operária (PCO). Eles seguravam placas com os dizeres “Fora Bolsonaro. Lula presidente”. No verso, eles escreveram: “Alckmin não”. Um bolsonarista estava no local com uma camiseta “Supremo é o povo”.
Dentro do restaurante, a área reservada a Lula, Alckmin e outros políticos foi separada dos demais convidados. Ambos se sentaram na mesma mesa no jantar. Segundo a Folha, o clima era descontraído e a conversa, segundo políticos presentes, girou em torno de assuntos gerais. Os detalhes do acerto entre Lula e Alckmin não seriam discutidos diante do público, dizem aliados de ambos.
Além de Lula, compareceram ao jantar os governadores Paulo Câmara (PSB-PE), Wellington Dias (PT-PI) e Rui Costa (PT-BA), além do prefeito do Recife, João Campos (PSB). Também estiveram presentes a secretária de Relações Internacionais da cidade de São Paulo, Marta Suplicy, o ex-prefeito de SP Fernando Haddad, os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Omar Aziz (PSD-AM) – ex-integrantes da CPI da Covid – e o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (sem partido-RJ).