• 22 de November de 2024

Os reajustes nas tarifas na conta de energia elétrica devem chegar aos preços dos produtos vendidos nos shoppings do Ceará. Os lojistas afirmam não ter mais como reter o aumento sem repassar o valor aos itens vendidos e projetam uma alta de até 30% no preço final cobrado ao consumidor.

Foto: JÚLIO CAESAR

Alerta inicial foi emitido pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) e está previsto para ser uma realidade no Estado também. “Com a crise hídrica e a alta nas taxas da energia, com certeza, irá impactar no varejo. Estamos ainda caminhando lentamente para recuperar a economia, e isso pode contribuir para uma retomada um pouco mais lenta”, avalia Luis Augusto Idelfonso, diretor institucional da Alshop.

“Infelizmente não dá mais, nós não conseguimos mais segurar. O último aumento na energia foi demais para nós, teremos de repassar isso para o consumidor”, complementa a empresária Luiziane Cavalcante.

Ela representa as óticas Itamaraty e possui lojas em três shoppings de Fortaleza. A lojista destaca ainda que os comerciantes estão “frustrados” em ter de repassar e temem um impacto negativo no fluxo de vendas. 

Luiziane afirma ainda que o setor foi pego desprevenido e que os impactos são mais intensos devido ao faturamento fragilizado em virtude da pandemia de Covid-19.

“A gente estava tendo um movimento até melhor do que o esperado, mas ele começou a cair e, com esse aumento, não sabemos como vai ficar. Estamos muito confiantes para a vendas de fim de ano, mas isso gera uma instabilidade. Nós vamos ter fé, mas não sabemos como vai ser”, complementa. 

Ao destacar que esta realidade é vivenciada em todos os estados, o porta-voz da Alshop pontua ainda que o aumento irá variar a depender da realidade de cada shopping e lojista, mas que “com toda certeza afetará a todos”.

O principal ponto de aumento, na visão de Luis, será um reajuste nas taxas condominiais cobradas aos lojistas pelos donos dos shoppings. 

“O componente energia elétrica é muito representativo no custo de um shopping center, normalmente representa a despesa de até 45% do custo condominial e como os alugueis são definidos previamente por contrato e não podem ser reajustados de qualquer maneira, a taxa de condômino irá subir, sem dúvidas”, reforça. 

Outro fator de preocupação para o segmento é um eventual reajuste vindo dos produtores e da indústria também em virtude dos reajustes na conta de energia elétrica.

“A gente é comerciante e seguramos esse aumento por um bom tempo, mas eu fico muito preocupada de pensar como estão os produtores, as indústrias. Eles precisam de muito mais energia do que nós e eu fico assim com medo de pensar em aumento vindo deles”, afirma Luiziane.    

Um percentual máximo é impossível de ser estimado, conforme o empresário. Luis defende ainda que tanto os shoppings quanto os lojistas de modo geral estavam em um movimento de reformulação da matriz energética usada nas unidades comerciais. A busca por uma energia mais limpa e mais barata foi acelerado pelo cenário atual. 

“A gente já tinha trocado totalmente as lâmpadas daqui pelas de LED, estávamos apostando tudo em automação, tanto os lojistas quanto os shoppings. E a economia com as ações estava sendo enorme, mas o novo aumento foi ainda maior do que a gente estava conseguindo economizar”, afirma Luiziane. 

Entre os destaques no setor está o investimento em tecnologia sensorial para equipamentos, como escadas rolantes, elevadores e ar-condicionado com um maior desempenho, funcionando apenas quando solicitado. O uso de aparelhos eletrônicos mais modernos e que demandem um menor consumo de energia também tem sido outra ação implementada pelo shoppings. 

A instalação e a busca de energia renováveis, em especial a solar e a eólica, que se apresentava como um movimento crescente na construção de novas unidades de shoppings, passou a ser uma solicitação também de prédios mais antigos. 

“Todas já reservam um espaço para isso, os shoppings também estão apostado em arquiteturas que aproveitem ao máximo a iluminação e ventilação natural. Lojistas e proprietários estão tentando atuar juntos de todas as formas para reduzir as despesas com energia”, avalia o diretor da Alshop.

Relacionado ao movimento, Luis destaca ainda a facilitação no processo de instalação de matrizes energéticas sustentáveis e a liberação de crédito especifico para ações que têm impulsionado a migração dos shoppings para o uso de energias renováveis.

O POVO procurou as administradoras dos centros comerciais para detalhar se é realizada alguma negociação com os lojistas e medidas para arrefecer as altas de energia. O Shopping Parangaba, por exemplo, disse que não irá se posicionar por ser uma empresa de capital aberto e preferir não relevar dados e informações internas neste momento.

Iguatemi, RioMar e Rede Ancar Ivanhoe (North Shopping Fortaleza, North Shopping Jóquei, North Shopping Maracanaú e Via Sul Shopping) também foram procurados, mas não retornaram até o fechamento desta matéria.

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