• 24 de November de 2024

A Justiça de São Paulo tornou réu por feminicídio o empresário Leonardo Souza Ceschini, de 34 anos, acusado de matar a facadas a esposa, a representante comercial Érica Fernandes Alves Ceschini, também de 34 anos, em 31 de janeiro, após discussão por causa de um jogo de futebol. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (10) pelo G1.

Leonardo é torcedor do Corinthians. Érica era palmeirense. O marido confessou o crime dizendo que os dois tinham discutido no dia seguinte à final da Copa Libertadores, em 30 de janeiro, na qual o Palmeiras foi campeão ao vencer o Santos por 1 a 0, no Rio.

Vizinhos do casal acionaram a Polícia Militar (PM) depois de escutar gritos no apartamento onde ele morava com os filhos gêmeos de 2 anos, no bairro São Domingos, Zona Norte da capital. As crianças não estavam no imóvel no dia do crime. Elas tinham ficado com parentes.

Érica foi encontrada ensanguentada e morta, caída no chão da cozinha. O marido também estava ferido. Após dar uma versão de que a esposa tinha esfaqueado ele e cometido suicídio, Leonardo confessou o crime.

Ele falou que os dois tinham “desavenças devido cada um ser torcedor de time de futebol diferente”. E que a mulher o cortou com a faca, mas ele conseguiu pegá-la e a esfaqueou de volta, com “vários golpes que causaram a morte dela”. A faca foi apreendida.

Réu solto

Atualmente Leonardo responde em liberdade pelo assassinato de Érica. O empresário chegou a ser preso em flagrante pela PM, mas foi solto em fevereiro por decisão judicial. A alegação foi de que o Ministério Público (MP) demorou para se manifestar sobre o caso.

Em julho o promotor Fernando Bolque denunciou Leonardo pelo crime de homicídio doloso qualificado por feminicídio, motivo fútil e meio cruel. Naquele mesmo mês, a juíza Giovanna Christina Colares, da 5ª Vara do Júri aceitou a denúncia contra o acusado.

A magistrada vai marcar futuramente uma data para dar início a audiência de instrução do caso. Nessa etapa do processo serão ouvidos os depoimentos das testemunhas de acusação e de defesa. Depois Leonardo será interrogado e o promotor e os advogados do acusado também falarão. Após isso, a juíza decidirá se há indícios suficientes para pronunciar ou não o réu para que ele seja levado a júri.

Quem é acusado por crimes dolosos contra a vida é levado a julgamento popular, no qual sete jurados decidem se a pessoa deve ser condenada ou absolvida. Cabendo ao juiz a aplicação da pena ou da sentença. Havendo condenação, a pena para assassinato pode chegar a 30 anos de prisão.

Para o promotor Fernando Bolque “é certo que o denunciado agiu valendo-se de motivo fútil, qual seja, simples discussão familiar fomentada por rixa esportiva. O crime também foi perpetrado com emprego de meio cruel, visto ter sido a vítima atingida por diversas facadas, suportando sofrimento atroz e desnecessário”.

A Polícia Civil investiga ainda se, após o assassinato, o sogro da vítima furtou do apartamento onde ela morava com o marido: o carro dela, duas TVs, um micro-ondas, eletroeletrônicos e joias. O furto teria sido cometido enquanto o corpo da representante comercial era velado e sepultado no dia 1º de fevereiro. A família de Érica gravou um vídeo para denunciar o furto (veja acima).

A guarda dos filhos gêmeos de Leonardo e Érica está com os avós maternos das crianças. Os meninos têm 2 anos e 8 meses de idade atualmente.

Aline Rodrigues Fernandes Alves de Oliveira, irmã de Érica, falou ao G1 que deseja que Leonardo seja julgado rapidamente pela Justiça por causa do assassinato. “Queremos justiça. Ainda não houve andamento do processo”, disse.

Na opinião do advogado Epaminondas Gomes de Farias, que defende os interesses da família de Érica e atua como assistente de acusação do MP, foi importante a denúncia contra Leonardo pelo feminicídio, que é o crime cometido contra uma mulher pela sua condição de gênero.

“A motivação teria sido por jogo de futebol. O conjunto probatório foi dando conta que de fato estamos diante de um crime de feminicídio”, disse o advogado dos familiares da vítima. “Existe algo mais por trás dessa morte.”

A defesa de Leonardo não foi encontrada para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem.

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