• 22 de November de 2024

 

Lopes recebeu R$ 3,9 mil em oito parcelas do auxílio (cinco de R$ 600 e três de R$ 300) em 2020. Neste ano, também foi contemplado com a nova rodada do benefício, e recebeu mais quatro parcelas de R$ 150 até ser capturado pela polícia em 19 de agosto, no município de São João da Boa Vista (SP). Uma quinta parcela foi enviada para depósito dois dias antes de sua prisão.

O auxílio emergencial acabou sendo uma peça-chave para a família de Iolanda, com ajuda do grupo de inteligência da Polícia Civil do Distrito Federal, descobrir o paradeiro de Lopes. Não só o auxílio emergencial estava vinculado ao município de São João da Boa Vista, mas também o telefone celular necessário para confirmar o cadastro no sistema do governo ainda era usado por ele.

Investigação

A prisão de Lopes é o desfecho de uma busca iniciada pela tia-avó de Talita ainda nos anos 1990, mas que, segundo a jornalista, não contou com muito empenho da polícia à época. Depois de convencer Iolanda a sair de Brasília, onde morava com a família, para Goiânia (GO), Lopes a assassinou, levou consigo joias que a então companheira comercializava e falsificou sua assinatura para vender o carro.

“Minha mãe e minha tia-avó começaram uma saga para encontrá-lo. Minha avó imprimiu vários cartazes com uma foto que achou, contratou detetive particular… Ela se esforçou muito e juntou tudo que pesquisou numa caixa. Tirou cópia do processo, de tudo. Ficaram mais um tempo tentando encontrar, e a polícia nunca achou. Então, arquivaram o caso”, conta ela.

Talita tinha pouco mais de um ano quando sua avó foi assassinada Só depois que completou 20 anos, porém, é que soube a verdade sobre como o caso. “Passamos a vida inteira com meus familiares falando que ela tinha morrido do coração. Há uns seis anos, me contaram a história e fiquei com isso na cabeça. Até assimilar, demorou um pouco. Então, comecei a ver muitos casos de feminicídio, (pensava que) minha vó morreu assim, e esse cara está aí. Foi aí que eu perguntei para minha tia-avó, e ela falou que tinha a caixa”, diz ela, que tem hoje 29 anos.

Procurado, o Ministério da Cidadania listou uma série de ações integradas com outros órgãos para coibir fraudes, pagamentos indevidos e estruturar uma “trilha de auditorias”. Segundo a pasta, mais de 15 bancos de dados são utilizados para aferir se uma pessoa é elegível ou não ao benefício, entre eles o BNMP.

“Essas informações alimentam o banco de dados de processamento da Dataprev, que faz mensalmente um novo processo de verificação da elegibilidade ao benefício”, diz a nota. A Cidadania, porém, não esclareceu se os beneficiários com mandado em aberto, apontados pela CGU, tiveram os repasses suspensos.

Até agora, o governo recuperou R$ 5,1 bilhões pagos indevidamente – devolvidos de forma voluntária pelos beneficiários. O auxílio já pagou mais de R$ 337 bilhões em ajuda a vulneráveis.

O advogado que acompanhou Lopes após a prisão informou que não atua na defesa do vendedor, a quem conheceu com outro nome, e disse que não se manifestaria sobre o caso.As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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