A taxa de ocupação dos leitos de UTI para tratamento exclusivo de pacientes infectados com a Covid-19, no Ceará, está atualmente em 64,25%. Este é o menor índice desde 7 de janeiro deste ano, quando o percentual era de 62,19%. No entanto, o cenário de redução não é uniforme em todas as regiões do Estado. O Cariri é a única que tem taxa superior a 80%.
Dos 123 leitos ativos e ofertados pelo Estado na região, 110 estão ocupados, o que representa taxa de 80,49%. O Hospital Regional do Cariri (HRC) é a unidade de saúde detentora do maior número de leitos de UTI, com 58. Destes, 52 estão atualmente preenchidos, o que representa taxa de ocupação de 89,65%.
A reportagem do Diário do Nordeste tentou contato com a direção do HRC para comentar sobre a alta taxa de ocupação e se o índice preocupa. No entanto, até a publicação da matéria os esclarecimentos não foram enviados.
Já o infectologista caririense, Pablo Pita avalia que a ocupação atual no Cariri, puxado pela alta taxa do HRC, deve-se à demanda de cidades menores que não dispõe de atendimento de alta complexidade.
“Todas esses municípios da região enviam pacientes para Juazeiro, o que contribui para alta taxa do HRC. Vale ressaltar que a unidade responde por 45 cidades. Ele [o hospital] é a grande referência da região, então é natural que essa ocupação esteja sempre um pouco acima da média de outras localidades que dividem os atendimentos em mais unidades”, detalhou Pita.
A segunda região com maior taxa de ocupação é o Litoral Leste/Jaguaribe, com exatamente 80% das vagas preenchidas. No entanto, a região conta com apenas 20 leitos ativos, conforme dados do IntegraSus.
No lado oposto, está a região de Fortaleza – que contempla 43 cidades da RMF. O índice de ocupação é de 58,75%, o menor dentre as cinco regiões de Saúde do Estado. A região de Fortaleza dispõe, atualmente, de 592 leitos ativos.
Ocupação de leitos UTI-Covid:
Cariri – 80,49%
Litoral Leste/Jaguaribe – 80%
Sobral – 68,70%
Sertão Central – 67,57%
Fortaleza – 58,75%
Média geral: 64,25%
Essa redução geral na média dos leitos ocasionou uma expressiva queda no número de pessoas à espera de leitos. Atualmente são 39 pacientes, dentre os quais 10 aguardam por regulação na UTI. Este é o menor número de pessoas na fila de espera desde o início deste ano.
O segundo dia com menor número de pacientes no aguardo por leitos foi em 10 de janeiro, quando a Sesa registrava 26 pacientes por espera de leitos de enfermaria e 9 de UTIs.
CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO NO SUL DO ESTADO
A região do Cariri, no Sul do Estado, foi a última a sair das restrições mais rígidas impostas por decreto estadual. A manutenção das medidas à época foi justificada, pelo governo do Estado, e pelo secretário da Saúde, Dr. Cabeto, devido à incidência de transmissão, que estava superior à média estadual.
“Observamos que a pandemia no Cariri ocorria de forma similar às demais regiões, mas com um ‘atraso’ de duas a três semanas. Por exemplo, quando explodia os casos em Fortaleza, aqui só viríamos sentir alguns dias à frente. Assim como quando os casos começavam a declinar na Capital, no Cariri essa queda viria cerca de três semanas depois”, ilustra Pablo Pita.