Pesquisadores da Universidade Federal de Roraima (UFRR) identificaram, pela primeira vez, indícios de que dinossauros habitaram a região amazônica há mais de 103 milhões de anos. Mais de dez pegadas datadas do período jurássico-cretáceo foram localizadas na Bacia do Tacutu, na cidade de Bonfim, em Roraima. Embora não seja possível determinar com precisão quais espécies deixaram os registros, as evidências apontam para a presença de grupos como raptores, ornitópodes e xireóforos.
Segundo os pesquisadores, a Amazônia sempre apresentou pouca quantidade de fósseis devido ao processo de intemperização das rochas, que dificulta a preservação de material ósseo. No caso das pegadas identificadas, as condições do antigo vale do Tacutu, rico em água e vegetação, favoreceram a solidificação dos registros ao longo de milhares de anos. Uma mancha de savana na região também ajudou a expor os afloramentos rochosos onde os vestígios foram encontrados.
As primeiras pegadas foram identificadas em 2014, durante uma atividade de campo de alunos de geologia da UFRR, sob coordenação do professor Vladimir Souza. Na época, a universidade não possuía especialistas ou estrutura para analisar o material, levando a pesquisa a ser interrompida. O estudo foi retomado em 2021 pelo pesquisador Lucas Barros, que utilizou técnicas de fotogrametria para criar modelos 3D e descrever os icnofósseis, resultando em novos locais de interesse científico.
Os pesquisadores estimam que centenas de pegadas ainda estejam espalhadas pela Bacia do Tacutu. Entretanto, parte delas encontra-se em áreas privadas, o que limita o acesso e a continuidade dos estudos. Barros atualmente investiga novos vestígios na terra indígena Jabuti, onde quatro áreas com potencial científico já foram identificadas.
Com informações da Agência Brasil




